Sempre fui adepta de uma boa polêmica. Por isso resolvi levantar da cama (acredite) para escrever este post. Hoje de manhã vi um documentário muito legal em um canal que eu nunca tinha parado para assistir, mas que botei fé. O Ideal estava exibindo a história de amor e ódio entre a marca italiana de roupas Benetton e o fotógrafo Oliviero Toscani.
Não dá pra negar que o cara é O CARA, né. Afinal de contas, você pode nunca ter usado um moletom ou uma camiseta da Benetton, mas certamente lembra das campanhas publicitárias sensacionais que ele desenvolveu para a marca. Aids, religião, racismo.. Não teve assunto cabeludo que este maluco não tenha aborado.
Mas foi quando ele decidiu levantar a questão da pena de morte que a maionese desandou. Toscani consegui uma autorização para entrar em uma prisão de segurança máxima e documentar as histórias de vida de pessoas que estavam no corredor da morte. Muito empolgado com tudo que viu lá dentro (ou de caso pensado mesmo), ele decidiu usar as imagens que fez para figurarem em mais uma de suas super polêmicas campanhas publicitárias (na foto).
Só que desta vez, Toscani mexeu com um assunto que incita sentimentos muito mais complexos do que os padres tarados ou o racismo disfarçado. Sua campanha chegou aos olhos e ouvidos de um casal no Kentucky, pais de um menino de 17 anos que foi sodomizado e morto com um tiro na cabeça junto com um colega de colégio quando pedia informações em uma lanchonete. O autor da bárbarie era um dos astros da campanha de Toscani.
A mãe do menino não sossegou e iniciou uma cruzada contra a marca e contra a Sears, que tinha tirado a Benetton da lama e fechado um acordo multi-milionário para vender as roupas da marca. Resultado: como não podia deixar de ser - afinal de contas só a hipocrisia parece seduzir mais os americanos do que o consumismo e as comidas gordurosas - o povo se rebelou e boicotou a Sears e a Benetton.
A grande loja de departamentos rompeu o contrato com a marca italiana e tirou o corpo fora de uma polêmica desta magnitude. Luciano Benetton, dono da marca, fez o mesmo, e apareceu em várias emissoras dizendo não ser contra a pena de morte e que o objetivo da campanha era abrir uma discussão. Ah, ele também demitiu o Toscani.
O mais louco de tudo isso é que, diante dos argumentos da mãe e do publicitário, tive dificuldade em formar uma opinião sobre o assunto. Ela diz que ele usou o sofrimento e a violência extrema para fazer dinheiro vendendo moletons. Ele diz que entende o sofrimento das famílias e não dá razão aos loucos que cometeram crimes horrendos. Mas que também não aceita que a sociedade, de forma legítima, cometa o mesmo crime pelo qual eles foram condenados à morte.
E você, o que acha?
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